domingo, 7 de fevereiro de 2016

Conversa de Cacto

 Foto: Edite Pereira da Silva (Rio de Janeiro)


Sou cacto

Não possuo a aspereza por que me tomas
nem turbilhões submersos no rio sereno 
que corre em meu corpo.
Não possuo cenho, nem a maldade que habita
no teu julgamento.
O meu aspecto rude pode te dar o afago
que transcende meus espinhos.

Sou Cacto,

te procuro e te esquivas, mau sabes que
floresço entre espinhos te revelando
beleza multiforme, amor resiliente
que me molda, me esculpe na tentativa
de mudar teu olhar que me castiga e me espinha.


Sou Cacto,

mau sabes que a natureza abriga no meu ventre
o rude e o suave; a tempestade e o sereno, e
eu aqui ostentando espinhos que te protegem, vida longa
para que percebas e reflitas que a tua, vai além das
vaidades humanas.

Sou Cacto,

companheiro do deserto de onde expecto a solidão
 de teus passos, descompassos que dançam na magia cativa
que te aconchega em meu corpo dilacerado.

Eu Sou Cacto,

que brada na terra árida, guardião da esperança,
protetor que sobrevive ao tempo só para te ver
passar, sobrevivente solitário na sólida e hostil florada da vida 
que te convida a perseverar no desabrochar de um
novo tempo.

Eu Sou Cacto,

Alimento da tua alma,
Vigor da tua sabedoria,
Arco-íris da tua alegria,
perfume doce que inebria
tuas noites quentes de verão.





                                                                                                Teresina,06/02/2016. Delzira Silva.